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AULA 28 – ALELOPATIA EM PLANTAS


Introdução

Naturalmente, as plantas produzem substâncias químicas que podem contribuir para sua sobrevivência e ou desenvolvimento de mecanismos de defesa. Essas substâncias são metabólitos bioativos (aleloquímicos) oriundos do metabolismo secundário. No meio ambiente, estes aleloquímicos podem ocasionar interferência em outras plantas podendo prejudicá-las ou favorecê-las, de forma direta ou indireta. Extratos de várias espécies são constantemente testados e examinados pelo seu potencial de reduzir a germinação de ervas daninhas em sistemas agricultáveis ou na tentativa de buscar novas substâncias com função similar ou substitutiva aos agrotóxicos. Esta prática inicia essa ideia, onde se pretende estudar diferentes extratos vegetais na tentativa de inibir ou reduzir a germinação e crescimento de sementes de alface.


Objetivos específicos desta prática

Extrair os compostos alelopáticos de folhas de diferentes espécies vegetais;

Testar o efeito alelopático das espécies e comparar este efeito com o grupo controle (água pura) ou com o estrato de espécies desconhecidas quanto ao efeito alelopático.


Procedimentos

Para a confecção do extrato aquoso primeiramente temos que escolher as espécies de interesse. Na figura 1 são mostradas cinco diferentes espécies, sendo que as espécies Prosopis juliflora, Musaenda alicia e Jatropha curcas apresentam efeitos alelopáticos já descritos na literatura.

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Figura 1. Espécies indicadas para a prática por seus efeitos já conhecidos sobre a  germinação e alface. A. Prosopis juliflora, B. Jatropha curcas, C. Mussaenda alicia, D.                    Bauhinia cheilantha, E. Bidens sulphurea.

Depois de escolher as espécies de interesse, colete cerca de 200 g de folhas de cada uma das espécie e mais 200 g de flores de M. alicia, pois é conhecida que esta espécie apresenta efeitos alelopáticos diferenciais entre folhas e flores.

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figura 2. trituração do material vegetal para preparação dos extratos

O material vegetal deve ser acondicionado em sacos de papel identificados e secos em estufa a 70ºC por pelo menos 48 horas.

Após a secagem do material vegetal, transfira, pouco a pouco o material para um liquidificador e triture em um pó bem fino (Figura 2).

 


Após esse procedimento, recomenda-se peneirar os extratos para homogeneizar as amostras (Figura 3).

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figura 3. Peneirando as amostras trituradas

Em seguida, pese 10 gramas de cada um dos materiais escolhidos e triturados (Figura 4).

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figura 4. Pesando 10 g de material seco

Transfere-se, então, os 10 g de material seco, triturado e peneirado para um frasco tipo âmbar e adiciona-se 200 mL de água destilada em cada um dos extratos, com exceção dos extratos de M. alicia que deve-se adicionar 300 mL de água (Figura 5).

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figura 5. transferir o material vegetal para frascos âmbar e adicionar água destilada

Na sequência, todos os materiais devem ser agitados levemente e deixados em repouso em geladeira por pelo menos 24 horas. Passado o tempo, o material é triplamente filtrado em duas camadas de gaze, em seguida filtrado num sistema a vácuo (Figura 6).

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figura 6. Filtração a vácuo para acelerar o processo. Na ausência desse sistema pode-se filtrar apenas com papel de filtro. O processo é mais demorado mas pode ser realizado sem problemas.

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figura 7. diluição dos extratos de bauhinia cheilantha para as concentrações de 5%, 2,5% e 1,25%

Pronto, com o material filtrado já temos as soluções alelopáticas de trabalho. Para as espécies J. curcas, P. juliflora e B. cheilantha e B. sulphurea teremos, então, uma solução a 5% enquanto que para a espécie M. alicia teremos uma concentração de 3,3%.

Para testarmos o efeito das doses letais (DL50teremos que diluir os extratos para 1:1 e 1:3. Dessa forma, teremos concentrações de 5%, 2,5% e 1,25% para as espécies J. curcas, P. juliflora e B. cheilantha e B. sulphurea enquanto para a espécie M. alicia teremos as concentrações de 3,3%, 1,65% e 0,83% (Figura 7).

Uma vez com os extratos preparados, agora é só transferir estes para placas de petri forradas com duas camadas de papel de filtro e inserir neste sistema 10 sementes de alface (Lectuca sativa). Para cada placa será utilizado cerca de 5 mL da solução teste, volume este que deve umedecer o papel sem encharcar (Figura 8).

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figura 8. preparo das placas com as sementes de alface para germinação


Utilizaremos 10 repetições para cada extrato vegetal e concentração. Mas antes de transferirmos as sementes para as placas devemos proceder a desinfecção das sementes. Para tanto, transfira pelo menos 50 sementes para um frasco do tipo erlenmeyer e adicione cerca de 20 mL de NaOCl 1% e deixe em agitação por 5 minutos. Na sequência enxague o sistema pelo menos 3x com água destilada.

Concluída a preparação das placas, a germinação deve ser avaliada diariamente por 7 dias e os cálculos de germinação devem ser realizados ao final desse período. Para tanto, utilize as recomendações, tabelas e fórmulas descritas na Aula Prática 27.


Resultados esperados

Espera-se que haja uma grande diferenciação entre os tratamentos e entre as concentrações alelopáticas, pois, neste caso, a dose é de fundamental importância. Lembre-se que para ser considerada uma solução alelopática, a germinação do tratamento deve ser ≤ 50% da germinação apresentada pelo controle com água pura (Figura 9).

A figura 9 mostra que apenas as espécies P. juliflora (Fig. 9B) J. curcas (Fig. 9E) e as flores de M. alicia (Fig. 9C) mostraram efeito alelopático significativo, uma vez que, na sua maior concentração, inibiu a germinação de mais do que 50% das sementes inoculadas. Nestas espécies, a concentração intermediária mostrou um efeito bastante interessante, porém não atingindo o DL50. Por outro lado, as espécies B. sulphurea (Fig. 9A), B. cheilantha (Fig. 9E) e as folhas de M. alicia (Fig. 9D) não mostraram efeito alelopático significativo. Entretanto, cumpre ressaltar que estes estratos foram preparados apenas com água e a extração foi a frio. Outros tipos de solventes e outros métodos de extração poderiam dar resultados diferentes e neste caso mostrar algum efeito alelopático.

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Figura 9. Germinação de alface (Lectuca sativa L.) na presença de diferentes extratos vegetais, potencialmente alelopáticos. A. Folhas de Bidens sulphurea; B. Folhas de Prosopis juliflora; C. Flores de M. alicia; D. Folhas de M. alicia; E. Folhas de J. curcas; F. Folhas de B. cheilantha. Cada barra representa a média de três repetições e as barras verticais o desvio padrão da média.


O objetivo dessa prática será atingido quando se conseguir evidenciar claramente o efeito alelopático (DL50) de diferentes extratos vegetais sobre a germinação de alface.


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